sexta-feira, 18 de julho de 2008

The Strokes - "First Impression of Earth"

Desculpa se isso ficar muito longo!



Os Strokes são hoje, pra mim, uma das melhores bandas em atividade no mundo. É.

Aí eles lançaram o First Impressions of Earth, terceiro disco deles, no comecinho de 2006.
Eu, que estava começando a viciar na banda, comprei o meu logo (mais pra frente eu vou explicar porque foi uma ótima escolha ter comprado - e não baixado - esse cd). Ouvi e foi amor à primeira escuta. Mas teve gente por aí que não gostou muito dele não, e fala isso até hoje. Falam que esse disco não tem mais a essência dos strokes, que não parece o Is This It
(primeiro cd da banda), e bla bla bla.
Tá, tudo bem, tem gente que não gosta porque não gostou mesmo. Mas sei lá, eu não acho que tenha perdido a essência ou coisa do tipo. O que aconteceu foi, na minha opinião, um aumento de complexidade nas músicas (tanto na gravação quanto no conteúdo). E qualquer um que já ouviu os primeiros dos Strokes e ouve o FIOE (vou chamar assim pra economizar teclado) percebe o que tá na cara: o FIOE é mais rockão! (Pra quem leu meu último post, sobre o dia do rock e tal, não pensa que eu tou me contradizendo aqui, querendo definir e rotular, é que eu usei o termo rockão pra falar que é mais pesado, mais nervoso, mais encorpadão!) E talvez isso tenha incomodado fãs mais saudosistas, que queriam a mesma sonoridade pra sempre. Sei lá. Eu gosto de todos os 3 cds. Acho realmente muito bons. Tenho o Room on Fire e o FIOE. É a mesma coisa que o Metallica. Os caras têm uns 2138 cds, e tem fã que quer que todos eles tenham o mesmo som, o do primeiro (Kill 'em All). Eu acho legal que mude, gostei do cd sem solo, gostei do som da banda ter ficado muito (mas muito mesmo) mais grave que de início. MAS voltando aos Strokes...
Como eu disse, comprei o cd. E ouvindo tudo que eu pude deles, percebi que esse cd se tornou o meu favorito. Da banda e quem sabe do mundo! (fora o exagero, por um tempo foi sim, hoje eu já não sei mais qual ocupa esse posto). E de tanta coisa que dá pra falar (daí o aviso inicial, porque tem mita coisa pra falar e também porque eu não me canso de abrir parêntesis) eu decidi dividir a análise dele em 3 (três) partes. O Som, O Conteúdo e o Projeto Gráfico.
Vamos a elas:

O Som

- OUÇA COM FONES, se possível, é muito melhor, tem muitos detalhes a mais -
Começa a primeira música, You Only Live Once, e a introdução parece I Want to Break Free, do Queen! É! Eu não sei se só eu achei isso, mas põe aí pra tocar e tenta cantar a do Queen, vai dar certinho! Tá, mas aí o Julian começa a cantar e a música se torna Strokes mesmo. Só por ela já dá pra perceber que a coisa já tá mais pesada. Bom, aí pra quem não percebeu, o CD vai evoluindo, a segunda faixa já é Juicebox. Soco na boca! Não tem como. Strokes nunca teve tanto baixo e tanto peso. É bem forte mesmo, com uma pegada bem menos garage-rock como os primeiros cds e bem mais... hm... rockão. Riffs de guitarra fáceis e grudentos (não é ruim. isso quer dizer q vc fica cantarolando eles pro resto da sua vida), e aquele vocal de bêbado insano que só o Julian faz e todo mundo adora. Segundo o Marcon, Juicebox é a música mais empolgante do mundo! Aí vem Heart in a Cage, que eu também gosto muito, com guitarras mais altas que nunca, bateria quebrando tudo, aquele caos. Ótima música com um belo clipe. Depois, Razorblade, com guitarras e bateria excelentes, e um som divertido mas ainda pesado. Depois, On The Other Side. Mais calminha, pro cara não ter uma parada cardíaca. Lembra um pouco mais os primeiros cds. Em seguida, Vision of Division, que retoma o peso. Depois do refrão, rola um solo com uma cara egípcia e tudo o mais. Muito diferente e legal. É legal ouvir as guitarras (principalmente no fone esquerdo) que entram e saem rapidinho. Aí vem Ask Me Anything. Uma das músicas mais interessantes do cd. Nem tem bateria, Nem é pesada, nem nada. É o Julian cantando uma melodia bonita, uma distorçãozinha fazendo um riff legal no fundo, tudo calminho. É bem legal ouvir isso no meio do cd. Quebra o peso de um jeito que funciona. Depois, outro lembrete de que o cd é pesado: Electricityscape. Guitarra alta, riff muito bom, bateria bem empolgada, refrão forte. Tem um quê futurista que eu não sei explicar. Em seguida, Killing Lies. Um pouco mais calma e repetitiva. A música é quase a mesma coisa o tempo todo. A bateria dela é bem legal, e o vocal também, que alterna entre o perigo de overdose e uma força inesperada. Solinho gostoso no meio. “Bonitinha”, pra esse cd. Próxima: Fear of Sleep. Também não é das mais empolgadas e fortes, mas dá uma empolgada no final do refr
ão, o Julian grita bastante e tal. Aí tem 15 Minutes. Uma das músicas mais diferentes do cd. Começa baladinha, depois pega uma levada quase punk e depois empolga muito (mas muito mesmo!). É interessante nessa música a parte da letra em que o Julian canta frases com os números de 1 a 12, todas envolvendo a vida musical da banda, eu acredito. Acaba essa música e vem a melhor música do cd, quiçá do universo! Ize of the World. É meio inesperada no cd. Tem uma cara diferente. No refrão, os versos parecidos (todos terminados em “ize”, explicando o título) reforçam essa cara repetitiva da música. Quando o refrão está no auge da empolgação a música "quebra" e o ritmo acalma. Tem um solo bem bonito de guitarra, e a música volta no estilo de seu começo. E é nessa hora que há o verso mais incrível do cd, quiçá do universo! And I am a prisoner to instincts or do my thoughts just live as free and detatched as boats to the dock? Aqui, do nada, o Julian começa a cantar mais alto e mais alto e mais alto e acaba gritando muito alto! E a música normal, na levada dela! Incrível. E aí a música tem outro refrão, no qual no último verso a música simplesmente pára! É, ele tá cantando, a banda tá tocando, aí silêncio absoluto, do nada! Não dá tempo nem de ele acabar de falar a última palavra. Juro que eu pensei que fosse defeito no meu cd! Essa música vale a pena ser ouvida. Depois, pra dar uma acalmada no surto psicótico que vc tá tendo depois de Ize, vem Evening Sun. Bem calminha, estável, segura. É quase dormir depois de um dia difícil. Cai bem para o momento, e tem uma melodia bem bonita. O Julian nem grita! Guitarrinhas cuti-cuti, sem distorção. Baladinha boa. Depois, Red Light. Novamente, mais agitada. Tem a batida de bateria mais viciante do cd, riffs que as guitarras fazem em dueto (com uma deslocada um pouco acima na escala), a voz bem encaixadinha na música. Não é exatamente pesada. Depois, fica até meio dedilhada, com uma melodia bem legal. Aí acaba. É, o cd. É triste, mas ele acaba.


O Conteúdo

Desde o começo eu achei um título interessante. Pô, "Primeiras Impressões da Terra". Por que? Primeiras impressões de quem? De um E.T.? Sempre achei que as letras dariam algum sinal. Nunca percebi, no entanto. Uma história triste.

Aí hoje eu tava organizando certinho o que eu ia escrever aqui, e me veio uma idéia totalmente nova (pra mim): Uma pessoa! É, aí o disco seria feito de pensamentos aleatórios. Pontuais e sintéticos, feitos por uma pessoa que não necessariamente nasce no começo do disco e tá velha no final dele, mas um pessoa que viveu na Terra e escreveu observações das diversas fases da vida. Isso faz bastante sentido, ouvindo as músicas, lendo as letras, e (depois) vendo o encarte. Por exemplo, You Only Live Once fala justamente “só se vive uma vez”. Quanta gente já não falou isso e ainda vai falar? O cd começa com essa espécie de conselho, o que reforça a interpretação das próximas impressões. Desperta a vontade de viver e entender a vida (e o cd). Heart in a Cage pode ser o abandono do lar, a pressão de estar crescendo e virando adulto (o clipe também reforça isso). E tem o seguinte verso “See I’m stuck in a city/ But I belong in a field”, Estou preso na cidade mas pertenço ao campo. Uma coisa meio “não quero ir, não sou daqui”, todo o estranhamento. On the Other Side é meio sobre a tristeza, sobre os momentos difíceis, e até a raiva. Mas tem um pingo de esperança. No início da letra, há Nobody’s waiting for me on the other side. (Ninguém está me esperando do outro lado) E no final, I Know you’re waiting for me on the other side. (Eu sei que você está me esperando do outro lado). Fear of Sleep: O medo, que todo ser humano cedo ou tarde, de um modo ou de outro, sente. 15 Minutes eu pensei que fosse sobre fama ou coisa assim, mas lendo de outra forma, pode ser simplesmente sobre a euforia e as festas da vida! Até sobre a Música. Ize of The World seria a visão do caos do mundo, por uma pessoa que está associada a uma rotina de vida. A dificuldade de parar pra pensar, ver e tentar ajudar esse mundo enorme e conturbado. Evening Sun me parece mais uma representação do final da vida. Coisas que um velho diria aos mais jovens, conselhos e constatações. Red Light parece falar sobre as relações com as pessoas e um pouco sobre a mídia (mais para o final da música). Mas o que é interessante mesmo nela é a última frase, profética: “The sky is not the limit and you’re never gonna guess what is...” (O céu não é o limite e você nunca vai adivinhar o que é...) Isso remete a tudo. Aos limites que são presentes em aspectos de todas as partes da vida : O amor, o sucesso, a tecnologia, qualquer coisa. Até mesmo a morte. Ou até mesmo (e essa é boa pros fãs) a trajetória da banda.


O Projeto Gráfico

É por isso que eu fico feliz por ter comprado o CD original. Além, logicamente, de o CD oferecer uma qualidade de áudio IMENSAMENTE maior que o mp3, o encarte desse cd é demais! É lindo, cada música tem duas páginas só para ela, e cada uma tem um tratamento visual diferente. Como eu quero compartilhar isso com quem eu puder, scaneei todas as páginas de músicas do encarte pra mostrar aqui! Além de ser um belo trabalho visual, o encarte conta com um surpresa! Cada música tem uma mensagem escondida em algum lugar de suas duas páginas. E essas mensagems parecem anotações ou constatações (ora obviamente relacionadas à musica da página em que estão, ora de assimilação mais abstrata), o que reforça de novo o título do CD.

As imagens estão aí! Boa sorte com as mensagens! Pra quem não achar, ou estiver muito difícil de ler, as respostas estão nos comentários desse post!



É isso. Acabou! Assim como o cd uma hora tinha que acabar, esse tópico já tava passando dos limites! Espero que tenham lido e gostado, e que isso tenha despertado o interesse, pois é um dos melhores cds que já ouvi, e apesar de qualquer coisa, vale a pena ouvir (e ver) pelo menos uma vez!


Foi mal, ficou bem longo mesmo.

10 comentários:

João Rodrigo Zanetti disse...

# You Only Live Once: “With a hundred ways to do a dozen things, why not try it all?”
# Juicebox: “Thanks for passing the torch… I think I burned my hand, though. …Would you like this thing back?”
# Heart in a Cage: “Desire is indiviual. Happiness is common.” (Essa foi difícil de achar!)
# Razor Blade: “Vanity can easily overtake wisdom, it usually overtakes common sense!”
# On the Other Side: “No one is grown up except those free of desire. – Rumi”
# Vision of Division: “Who you are vs. who you wish you were: who wins? It wau 100.000 years before we figured out what to do with fire. Humans learned how to use fire to cook” / “as well as it’s current enforces.” / “Greed is the inventor of injustice” / “100.000 years after they discovered how to make it. Picture cavemen, sitting in front of a fire, eating saw meat for 100 thousand years.” (difícil de ler e pensar uma ordem)
# Ask me Anything: “Sharp minds think alike. All you need is in the past.”
# Electricityscape: “No one leaves an old friend unless they are ashamed” (essa é uma das mais difíceis, tá fraco e de ponta-cabeça, eu ainda dei uma ajuda ali mas continua chato)
# Killing Lies: “If it doesn’t start with you, it dies with you.”
# Fear of Sleep: “Fear of the unknown, change, and death”
# 15 Minutes: “The period of earthly life in your greater existence is similar to the 15 minutes of fame you get down here… Everyone gets to share you in a different way. And both are dreams”
# Ize of the World: “Can our mind evolve to be something other than an extension of our animal needs?”
# Evening Sun: “Religion is never the problem. It’s the people who use it to gain power”
# Red Light: “The best solutions are often simple, yet unexpected” (foi demorado pra achar também)

João Rodrigo Zanetti disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

ótimo review da melhor banda que já vi.

Mariana Bertoche disse...

Puta banda, puta disco e puta blog!

Ruth Queiroz disse...

Adoro Strokes, Heart in a Cage é a minha preferida do First Impressions, mas curto demais o On the Other Side, tbm. As desafinadas do Julian são um toque a mais no som da banda!
Mas, meu disco preferido ainda é o Room on Fire!

Anônimo disse...

opa

gostei muito da postagem, o First Impressions Of Earth é muito bom mesmo

parabéns

Thom disse...

Já tinha lido o texto antes, mas só hoje tive a oportunidade de comentar. Reforço o que o cidadão aí em cima falou: puta blog, cara! The Strokes é minha banda favorita (apesar de não ser deles a minha música favorita, mas isso não vem ao caso) e é bom ter a oportunidade de ler comentários de qualidade sobre os caras. Sucesso ae.

Unknown disse...

Po bixo.. mto massa msm esse review.. algumas coisas nem me tocava outras já tinha sacado! evening sun acho meio relacionada a religião.. vê ai!
vlw pelo texto!

Renata disse...

Ótimo post, ótimo MESMO.
Faça um post assim com o novo álbum *-*
beijos.

Alguém que pensa disse...

Po, enfim alguém que também pensa dessa maneira! Não sei o que criticam tanto nesse album, pra mim é o melhor. Pode não seguir o estilo do Is this it mas se fosse todos iguais qual graça teria??
Juicebox pra sempre!!!
Amo demais esse album as letras definem o que eu vejo do mundo, especialmente On the other side que eu interpreto como o lado "negro" do ser humano que eu enxergo e os odeio por serem assim.