quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Los Hermanos, e o que veio depois

lh

Los Hemanos é uma das melhores bandas nacionais (e internacionais) que surgiram recentemente, na minha opinião.
É sério, eu poderia escrever metros sobre eles, sobre cada CD, sobre as características principais de cada músico e cada música, sobre minhas partes favoritas de suas obras, letras e sonoridades. Dá muita, mas muita coisa.

Sugestões rápidas:
- Álbum: Ventura. É uma coisa absurda, um CD completo, lindo. Isso é unanimidade entre fãs de Los Hermanos. Eu também gosto muito do último lançado, o 4. Acho muito bonito e complexo, em letras e, principalmente, músicas.
- Música: Do Lado de Dentro. É do Ventura, e uma das que eu mais gosto de todas deles. A letra ilustra muito bem a capacidade criativa do Marcelo Camelo. E também Condicional, dessa vez do 4 e de composição do Rodrigo Amarante. Destaque para seu jeito peculiar de cantar e seu ritmo rock-mpb-moderninho. O clipe dessa música também é muito legal.

Mas o que importa agora é falar menos em Los Hermanos (é, preciso me conter, porque é dificil. Quem sabe um post futuro, falando páginas só do Ventura!) e mais do que surgiu depois do recesso anunciado no ano passado. Dois projetos, em especial. Dois projetos, cada um de um dos cantores da banda.

camelo
amarante

Marcelo Camelo
Marcelo Camelo – Sou

Sou
, lançado em setembro, é um CD que tem bem o “jeitão” do Camelo. Algo que já vinha acontecendo nos CDs dos Hermanos. Um pé na bossa nova. Na verdade, um pezão! Fazendo o que na minha opinião é uma bela bossa contemporânea, que não é presa aos anos dourados do ritmo, e nem tão moderninha que chegue a se descaracterizar, o CD conta com músicas ora melancólicas, como ele faz e sempre fez muito bem, ora bonitinhas, ora saudosistas, e ora até com um pé no erudito!

Das melancólias tem-se Doce Solidão como exemplo, que tem um assovio e melodia muito bonitos, fora a letra, que nas músicas do Camelo é sempre muito boa (inclusive, eu não vou mais falar das letras dele pra economizar espaço, considere que elas SEMPRE são incríveis).
Quanto às bonitinhas, temos Janta, música com partes em inglês e protuguês gravada com a menina-prodígio do folk nacional, Mallu Magalhães. A voz de menina dela reforça bastante o tom fofo da música. Melodia simples e marcante. Muito boa.
O saudosimo é marcado no disco pela música Copacabana, uma marchinha de carnaval perfeita, como se tivesse sido retirada daquele Rio de Janeiro antigo, dos primeiros carnavais. Não só tem uma melodia perfeita como uma letra especial. Fala tanto do macro quanto do micro. Tanto “Todo destino padece aqui/ Você precisa ver como fica no carnaval” quanto “O bairro do peixoto é um barato/ E os velhinhos são bons de papo”.
Finalmente, o pé no erudito vem através da música Saudade, que possiu um arranjo de violão clássico, algo que não se vê tanto por aí hoje em dia, principalmente em música popular brasileira. Música original e muito, muito bonita. Além dela, existem outras duas faixas instrumentais, só com piano. Uma é regravação da própria Saudade. Outra, também regravação de uma música do mesmo CD, Passeando.
E vale dizer que o tal do tom rock-mpb-moderninho característico dos Hermanos também teve seu lugar, em Téo e a Gaivota. Além desses, vale atentar para Liberdade, gravada com o acordeon de Dominguinhos.

Por fim, Sou é um CD diferente do que se tem hoje, pelo menos para artistas de tão grande escalão, como o Camelo. Feliz e triste, agitado e calmo, novo e velho. Sou e Nós.


Rodrigo Amarante
Little Joy – Little Joy

Little Joy, que ainda nem foi lançado – será dia 4 de novembro, mas as músicas já vazaram na internet e eu já ouvi. é. desculpa, Amarante! – é um CD que tem bem o “jeitão” do Amarante. Algo que já vinha acontecendo nos CDs dos Hermanos. Uma busca pelo rock (mais) alternativo, um jeito mais “largado”. Em parceria com o baterista dos Strokes, Fabrizio Moretti, também brasileiro, e Binki Shapiro, namorada deste, o cd tem um rock bonito e tranquilo, com um quê “tropical” e uma sonoridade nova que remete a músicas antigas.

As tais sonoridades já são bem percebidas na primeira música, The Next Time Around. Há um ukelele e backing-vocals que também tem algo “tropical-antigo”, algo esse que aliás não sei explicar. Nessa música, assim como no CD todo, há a presença tanto do inglês como do português. Uma boa música-síntese. Mas não tão marcante quanto a que vem em seguida, Brand New Start. Com certeza a música mais fácil e gostosa de ouvir do CD. Bonita, leve e cantada de um jeito gostoso por amarante, tem uma melodia bem agradável e o refrão mais marcante desse CD, e de muitos outros.
Outro destaque é No One’s Better Sake. Ainda (e sempre) com a sonoridade retrô, é marcada (pelo menos para mim), pelo refrão diferente, com uma bela linha de órgão e a voz “suave” do Amarante.
Ainda há Shoulder to Shoulder, a música que mais estou gostando no momento. É calminha, com notas marcadas, e como parece fácil nesse CD, um refrão lindo. Talvez não tão marcante quanto Brand New Start, mas na minha opinião, mais bonito. As notas, a voz e os backing-vocals fazendo a base para os acordes.
Mais: With Strangers. Contrariando um pouco o tom animadinho do CD, essa música é mais melancólica, com uma melodia mais densa e um instrumental menos cheio de coisas. Conta principalmente com violão, voz e backing-vocals (que são talvez os mais bonitos do CD). A voz do Amarante cabe bem, arrastada.
Além desses destaques, pode-se atentar para Evaporar, música do Amarante inteira em português, e para as músicas em que Binki assume os vocais, seja no meio da música, seja nela toda, como em Unattainable.

Por fim, Little Joy é um CD de rock alternativo bonito, diferente e tranquilo, com músicas marcantes, seja em inglês ou português. Digno do Amarante, um artista de tão grande escalão.

sou
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