quarta-feira, 30 de julho de 2008

O que importa é o amor

As bandas de rock "moderno", ou "alternativo", ou qualquer coisa, estão mostrando ao mundo mais do que nunca que guitarra é muito mais criatividade e muito menos virtude.

Esses aí da foto são, pra quem não conhece, Yngwie Malmsteen e Jack White, respectivamente. Malmsteen é conhecido por sua incrível habilidade e destreza com a guitarra e as escalas musicais. É o rei dos arpeggios, faz músicas abusrdamente complexas, rápidas e impossíveis de serem tocadas por pessoas normais (brincadeira. mas eu não consegui). Jack White é conhecido por liderar a banda/duo The White Stripes, e por sua música minimalista, riffs pequenos e fáceis. Mas isso não o impede de destruir o mundo na guitarra. Aqueles riffs fáceis são tambéms pegajosos e fortes.

O que eu quero dizer aqui é que hoje é muito claro pra mim que o que importa pra vc fazer música não é a virtude, e sim a criatividade. Criatividade depende de virtude? Não sei, acho que não, sinceramente.

Nenhuma revolução precisou ocorrer pra isso poder ser falado. Na verdade eu acho que isso é mais um post meu pra mim mesmo. Eu já tive essa fase de só gostar de coisas extremamente difíceis. Foi minha fase Metallica. Eu ainda gosto deles. Mas abri bem a cabeça. (Aliás, fãs do Malmsteen, não me levem a mal: Eu reconheço que ele é foda, até acho legal Arpeggios From Hell. É que a fase passou. E ele é o extremo oposto dos guitarristas que eu ouço hoje, então era útil pro exemplo.)

É lógico. A simplicidade em detrimento da habilidade sempre existiu. Ramones, por grande exemplo. Mas como eu nem era nascido, e nem tinha amadurecido meu pensamento pra isso, prefiro pegar como exemplo as bandas atuais. Strokes, White Stripes, Arctic Monkeys. Nessas bandas, as linhas de guitarra geralmente são muito simples, "tocáveis", e incrivelmente boas! São fortes e eficientes. Aliás, foi ouvindo o que eu estou ouvindo nesse exato momento - Arctic Monkeys - que eu decidi escrever isso tudo. É incrível. É um riff que qualquer pessoa conseguiria fazer! Só que ninguém nunca tinha pensado nele. Aí o cara vai e faz, e vc não consegue parar de ouvir!
Os solos costumam existir em menor proporção (comparando com uma banda de metal melódico, por exemplo), e são mais simples e menores, na maioria das vezes. Porém ainda sim eficientes para a música (que é o que um solo tem que ser, na minha opinião, ao invés de uma demonstração desnecessária de skill). No caso do Jack White, são também bem mais estridentes e bizarros do que quaisquer outros solos de qualquer coisa que faça som no mundo.

É isso, basicamente. Não vou me prolongar como fiz no último álbum do qual falei (tá ele merecia, vai). Mas fica aí a criatividade!
Sugestão forte: Ouçam o som desses caras: Albert Hammond Jr. e Nick Valensi (The Strokes), Jack White (The White Stripes, The Raconteurs), Alex Turner e Jamie Cook (The Arctic Monkeys).
E um brinde: John Frusciante. Do Red Hot Chili Peppers. É brinde pq não é rock moderno/alternativo/sei lá o que. Ele já foi eleito o guitarrista mais criativo do mundo, e suas linhas são geralmente simples, e muito originais. Puta som.
Músicas? "Seven Nation Army" - White Stripes (não tem música que mostre melhor um riff simples porém totalmente eficiente). "Flourescent Adolescent" - Arctic Monkeys. "Razorblade" - The Strokes. E lógico, "Readymade" - Red Hot, de brinde.

Considerações finais:
- Os caras das guitarras complicadas podem ser criativos sim, pra quem pensou que eu estava falando o contrário. Esse post é mais sobre simplicidade eficiente nas guitarras atuais que sobre criatividade.
- Os caras das guitarras simples podem ter momentos complexos também. Só que esses momentos não são a maior parte da sua obra.
- Os caras das guitarras simples ENTENDEM, SIM, de música. Tá, não necessariamente todos, mas a grande maioria sim. Senão, não teriam conseguido imaginar esses tais riffs tão fáceis que qualquer um podeira fazer mas nos quais ninguém tinha pensado antes.
--- Eu não quero dizer que um tá errado e outro tá certo. Só tou mostrando um ponto-de-vista. Por isso mesmo. Nesse caso, a simplicidade criativa importa muito. Mas no final das coisas, o que importa é o amor.

5 comentários:

Paula R. disse...

Ah, eu concordo com o seu texto, pra mim vale mais uma música simples e original do que uma completa tecnicamente ou sei lá o quê, porque eu não entendo nada mesmo. Mas claro, sem querer tirar o mérito dos caras que estudam isso e tem a habilidade física pra tocar também, além só da intelectual. Mas pra mim tudo isso é muito chato e, na verdade, tudo igual. às vezes não sei se é pq sou uma pessoa ignorante musicalmente que nem consigo sequer entender direito a complexidade de músicas conhecidas comos "boas", tipo bossa nova.
É claro que percebo que a bossa nova é mais complexa em sua composição do que as bandas que eu curto, mas também não passa disso. E sei também que o Malmsteen é muito rápido ahuaha E só.
Aliás, as bandas que eu mais gosto por afinidade e por admiração mesmo, são as conhecidas por serem simples e "fracas" musicalmente. o Ramones é um exemplo disso, mas é uns dos que eu mais admiro justamente pq, ao contrário do que você disse que esses guitarristas que optam pela simplicidade entendem muito de música, os ramones não entendiam absolutamente nada, e mesmo assim, conseguiram fazer um som totalmente diferente, único, marcante e original, que agradou todo mundo. E não precisaram estudar pra isso, o que é melhor. Fora que eu gosto muito de música eletrônica, coisa que muuuitos músicos por aí dizem nem ser música. Claro, não é complexa e não é necessário alguma habilidade física especial pra fazê-la, aí isso os faz acharem que é "menos". Mas eu super desligo o microfone pra esse tipo de gente ahuaha É fato que a música eletrônica é a música do presente e do futuro e que o mais importante nela é a criatividade.....e o amor.

Rafael Marcon disse...

jimmy renda-se, porra!

Fábio disse...

Só não concordo com uma coisa, talvez eu esteja errado
mas ao meu ver você não devia ter usado "virtude", mas sim "habilidade". Habilidade pra mim é algo que está relacionado a aprendizado, não que eu não ache que criatividade também se aprenda ( sim, eu acho que se aprende =D, ou pelo menos se treina e se aguça), mas habilidade é algo mais lógico e quadrado, criatividade é mais sensível e mais intuitivo, e simples pq é natural. Por isso mesmo que geralmente o que é muito criativo é tido como óbvio, e as pessoas esquecem que esse óbvio é difícil ("ah! isso ai até eu consigo criar e tocar!" - "ah é?? então pq não criou e não tocou?").
O que geralmente é fruto da habilidade vem claramente de muito treino de tecnica, o que qualquer um tem como difícil por não conseguir fazer igual ou por precisar de muita dedicação para conseguir e assim é tido como algo com muita qualidade... e às vezes não é.

João Rodrigo Zanetti disse...

Fábio, então fora a terminologia, a gente concorda e muito! ;D

Unknown disse...

so que cara ao escrever dos guitarristas vc esqueceu de uma coisa bem simples: white stripes,arctic monkeys e strokes tem produtores que fazem maravilhas no som e excelentes engenheiros de som...e mtas bandas de metal antigas pode soar ultrapassadas para alguns(exemplo:antigamente os rockeiros tinham nojo de graves excessivos....hj eles simplesmente amam)
Vc pode ter a melhor linha de guitarra,simples ou complicada, se vc simplesmente equaliza-la erroneamente cai em quase 1000% a chance de alguem gostar dela.
O q to dizendo e que isso se refere não só ao músico....mas toda a parafernália técnico-instrumento-produtor.
resumindo: acho q o buraco e mais embaixo